the girl with the dragon tattoo



män som hatar kvinnor (2009)
152' 

director: niels arden oplev
country: sweden
starring: michael nyqvist & noomi rapace
imdb: 7,8






the girl with the dragon tattoo (2011)
158' 

director: david fincher 
country: u.s.a.
starring: daniel craig & rooney mara 
imdb: 8,1







assim começa a trilogia millenium do escritor sueco stieg larsson com o filme: the girl with the dragon tattoo. originalmente filmado na suécia, os americanos decidiram pela mão de david fincher trazer um remake da versão sueca, ou como podemos ver pelas inúmeras reviews e pelo filme, uma nova adaptação do livro. a 

pergunta é sempre a mesma quando existe um remake: qual é o melhor? 

com esta pergunta, vêm sempre fundamentalismos agarrados e, neste caso consigo enumerar três: primeiro, assume.se quase sempre que a primeira versão foi sempre melhor; segundo, se é um remake americano está tudo estragado; terceiro e, quase igual ao segundo, americano versus cinema europeu é equivalente ao mainstream vs the real thing ou como alguns chamariam alternative ou mesmo indie. 

neste caso, comparamos um filme americano pela mão de david fincher, com caras conhecidas e claro, com um bom budget (90 milhões), ao filme sueco que provavelmente ninguém conhece o realizador, nem os actores e, tem um budget de 13 milhões. não vamos puxar já aqui a questão do underdog e, simpatizar com as suas desvantagens. devo admitir que nesta batalha, o melhor é não haver batalha, especialmente não tendo eu lido o livro e, aqui irei optar apenas pela crítica a dois filmes e, assumir duas adaptações distintas. 

a história desenrola.se a partir da polémica gerada por um artigo do jornalista mikael blomkvist que ataca um bilionário, que por sua vez, acusa.o de criar um artigo baseado em informações manipuladas para o atacar. perante esta acusação, o jornalista perde o confronto. no entanto, durante este processo henrik vanger, outro milionário, pede à jovem lisbeth salander por intermediário do seu advogado para investigar o jornalista blomkvist. a partir deste momento, a história divide.se em duas partes, por um lado, henrik vanger contrata o jornalista blomkvist para investigar o desaparecimento da sua neta e, por outro lado, desenvolve.se sobre a vida de lisbeth salander, uma orfã que está no sistema público e tem um tutor designado que se aproveita do seu poder para abusar dela. 

a história vai.se desenrolando, no entanto, para evitar mais spoilers, prosseguiremos com a crítica e comparação dos dois filmes. no princípio do filme, parece tudo extremamente igual, até chego a afirmar que os primeiros 15 minutos (se calhar até um pouco mais), parece que simplesmente são as mesmas pessoas, apenas com dialectos diferentes. os cenários são iguais, as roupas são iguais, as pessoas que interpretam são extremamente parecidas e, os diálogos por serem adaptados da mesma história são também extremamente idênticos. no entanto, há um turning point que começamos a ver tudo a diferenciar.se. na minha opinião, o maior ponto de distinção é a gestão da história e da relevância dos factos. se por um lado, no filme sueco, há muitas coisas que vão sendo descobertas ao longo do filme, sempre numa constante investigação, no filme americano, muitas dessas informações vêm já como dados adquiridos, sendo o grau de investigação e de raciocínios menor. no entanto, cenas de maior calibre, como violações e sexo, a versão americana foca.se em aumentar essas cenas, focando.se mais em detalhes e no seu prolongamento, enquanto na versão sueca, estão cruas e seguem o seu caminho como parte integrante em vez de parte de relevância extrema. algo que na minha opinião, já seria de esperar. 

relativamente às prestações dos actores, comecemos pela protagonista lisbeth salander. depois de ver noomi rapace, nunca me poderia deixar impressionar pela menina que tem dado que falar na américa, rooney mara. sinceramente penso que trata.se de uma extrema especulação devido à sua mudança de visual e, o sotaque supostamente sueco (que devo admitir não saber distinguir) para mim só torna os seus diálogos quase incompreensíveis e a sua voz irritante. se na versão sueca, temos uma rapariga destemida, com as mazelas todas de uma infância e adolescência rasurada, na versão inglesa, temos uma bad menina (nem bad girl atribui.se) com daddy issues de espectro superficial. a violência de uma personagem destas perde.se, especialmente quando se compara um filme ao outro. e, aqui entro em algo extremamente importante no que  toca à minha crítica dos actores: sou extremamente fã dos papéis dramáticos mas, o que é que faz o actor? uma boa prestação em qualquer papel ou uma interpretação dramática? alguns exemplos dos diferentes casos: temos george clooney em the descendants ou mesmo brad pitt em money ball, a história e os seus papéis não são um drama, mas as suas prestações são genuínas e excelentes e tornam um papel banal numa representação excelente; depois temos keira knightley em "a dangerous method" com um papel dramático e com uma representação a baixo de mediana; temos também charlize theron no papel em "monster" extremamente dramático, com uma mudança de estilo chocante e, uma prestação brilhante. e, no meio encontro rooney mara, com um papel dramático em que parece que isso é suficiente para assinar a sua prestação como brilhante. talvez seja a adaptação e a direcção como interpretação da personagem, mas penso que a violência da sua personagem não teve credibilidade, especialmente quando iria haver sempre a sua comparação com noomi rapace. 

por fim, apesar dos meus constantes ataques à realização americana, os americanos fortemente ganharam à versão sueca em termos de imagem e mesmo de som, a fotografia e filmagem estão brutais e, penso que foi importante e resultou bastante bem manterem os cenários suecos no filme. no entanto, o problema de uma boa imagem também traz outro, que retrato numa simples equação:

filme sueco + product placement = filme americano <=> filme sueco = filme americano - product placement

e é incrível, o quão não-subtis eles são ao fazê.lo. em jeito de conclusão só resta deixar o conselho: se quiserem ver o filme, vejam a versão sueca. mais forte, mais crua e, apesar de a imagem americana ser melhor, está ao nível de supra-filme, enquanto que a versão sueca é um filme em que a relevância está na história, nos comportamentos, na violência e na psicopatia.


RATING
the girl with the dragon tattoo: 3,5
män som hatar kvinnor: 4,5

2 comentários:

Bárbara disse...

Assisti ás duas versões e li todos os livros e apesar das diferenças, tanto entre as duas versões quanto entre cada versão e o filme, achei a versão americana melhor. A versão sueca era extremamente maçante e sua Lisbeth Salander não parecia ter problemas em se socializar, enquanto que a Lisbeth de Rooney não deu um sorriso sequer em todo o filme e foi agressiva nas horas certas.

Patrícia Neto disse...

a grande dúvida que tive em fazer este post, foi exactamente o facto de não ter lido os livros e, por isso abstive o facto de ser uma adaptação. no entanto, do lado de rooney não achei credível a sua agressividade e, na versão sueca acho que isso ficou bastante distinto. quanto aos problemas de socialização, penso que a personagem de rooney parece frágil em vez de existência de problemas de socialização, algo que não ocorreu em nenhuma parte com blomkvist. na versão sueca, lisbeth simplesmente não se conecta com ninguém pois assume imediatamente que irá perder essa pessoa e, simplesmente retira o que precisa.