sou uma pessoa noctívaga, a noite corre por mim crua como o sangue quente pelas minhas veias. não sei se é a calma (se o silêncio) que rasgam em mim todo um nível de segurança e auto-preservação, ou se quando toda a gente vai dormir o meu corpo retorna ao seu instinto mais animal. talvez porque houve alturas em que dormir estas horas fosse o único conforto que aquele sítio chamado casa tinha para me dar. também horas de libertação de mágoa bem profunda, de momentos tão mal passados que a minha pele foi corroída e, o sangue escorreu. as lágrimas saudáveis, essas sim foram corpo presente numa missa que com prazer participei, em que o crucifixo era um vigilante do que estava para vir a seguir. os gritos trocam-se por choros escondidos e, esses são mais melódicos do que palavras cortantes. a noite. fiel amante de corpos embriagados, mas tradutora de emoções para este rasgão espacial e temporal.

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