berlin (1973)

 

álbum da semana

lou reed 
berlin (1973)

1. berlin
2. lady day
3. men of good fortune
4. caroline says I
5. how do you think it feels
6. oh jim
7. carolina says II
8. the kids
9. the bed
10. sad song

este é aquele álbum que quando criei esta rubrica soube à partida que teria que ser um dos primeiros a ser apresentado. conheci este álbum há relativamente pouco tempo, diria por volta de três anos, quando a fnac decidiu exibir o berlin: live at st. ann's warehouse, dvd que tinha sido lançado que gravava um concerto-filme de lou reed cantando as músicas do álbum berlin em nova iorque. devo dizer que pôr este dvd a tocar e ver as imagens que estão constantemente a passar no background num cruzamento de imagens ilustrativas da história do álbum. o álbum retrata a história de jim e caroline, um casal de viciados que passa por diversas discussões e, no final chegando mesmo a tentativas de suícidio. como li na review do allmusic, tanto lou reed como o produtor do álbum bob ezrin viram este álbum como uma boa oportunidade para criar o álbum mais deprimente de todos os tempos, algo que não ficou muito longe de atingir, sem qualquer dúvida (no entanto, com a música caroline says II, the kids e the bed é difícil não achar tal).

enquanto desenvolvo um bocado por entre os acordes deste álbum, a playlist do álbum encontra.se no final do post.

e, assim começa este álbum com a sedução do piano do início de berlin enquanto a voz quente de lou reed sussurra aos nossos ouvidos, em tom apaixonado mas em pretérito perfeito. de seguida, apresenta.se lady day em tom refrescante comparativamente ao piano anterior e, lou dá mais largas à sua voz, especialmente apresentando um refrão mais "alegre", em tom de descrição de caroline (que representa a sua ex-mulher bettye). 

men of good fortune, fugindo um pouco à relação apresenta a dicotomia entre dois tipos de homem com diferentes origens e em como isso afecta a sua perspectiva sobre a sua vida e, no entanto lou reed acrescenta "anyway, it makes no difference to me". no entanto, esta música já foi provado não ser original deste álbum, visto que foi comprovado o facto de ter sido tocada pelos velvet underground numa das festas de andy warhol. 

caroline says I descrevendo bettye em ritmo alegre e as expectativas e desilusões de caroline em relação a jim. segue.se how do you think it feels a música mais "rock" do álbum, mas claro não sendo muito estridente, mas devo confessar que adoro o seu vibe. 

oh jim retrata o vício do casal e, algumas das passagens transmitem aquele estado de transe no entanto, durante curtos momentos (claro, que nada que chegue aos calcanhares do psychadelic rock). o final da música num dueto entre a voz de lou reed e a guitarra é sem dúvida o ponto alto da música: 

"now you said you love us but you only make love to one of us, oh jim how could you treat me this way, you know you broke my heart ever since you went away". 

devo também confessar que é a única música do álbum que não tenho qualquer tipo de paixão por ela mas, faz a ponte para a minha parte preferida do álbum: as últimas quatro músicas, que são das minhas músicas preferidas de sempre. 

caroline says II, é uma das melhores músicas que alguém escreveu/cantou desde sempre. a instrumental devora.nos por dentro e, no dvd sentimos a música por inteiro. "but she's not afraid to die, all of her friends call her alaska, when she takes speed they laugh and ask her, what is in her mind?" é o refrão que lou reed entoa e se prolonga no último verso. e depois vem o meu verso preferido que tudo tem de perfeito:

"caroline says as she gets up from the floor, you can hit me all you want to, but i don't love you anymore."

the kids, é a minha música preferida do álbum e sem dúvida aquela que quando chegamos a esta parte do dvd e a ouvimos, as lágrimas tentam mostrar.se. a letra foca.se no facto de terem tirado os filhos a caroline pelo seu estilo de vida, que é descrito pela voz calma de lou reed e por um instrumental magnífico. 

"and i'm the waterboy, the real game is not over here, 

but my heart is overflowing anyway. 

i'm just a tired man, no words to say, 

but since she lost her daughter it's her eyes that fill with water,

and i'm much happier this way."

berlin, foi um álbum que lou reed quis trazer um conceito alargado da música, a nível instrumental, mas também aliado à imagem e, nesta música aos 5m15s e podemos ouvir o choro e os gritos das crianças a serem levadas em tom de fundo do instrumental, é tão atormentante como se vivêssemos aquele evento. o grito das crianças pela mãe por entre os choros é sem dúvida o elemento fulcral que nos leva ao cenário da história que lou reed conta.

the bed. outra música lendária deste álbum que retrata a tentativa de suicídio de caroline, em tom melódico com uma letra descritiva mas que deixa o instrumental ser o privilegiado. a sua simplicidade deixa a história transbordar de tal forma que justifica ser uma das melhores de lou reed.

"and this is the place where she cut her wrists

that odd and fateful night and i say oh oh what a feeling. 

this is the place where we used to live 

i paid for it with love and blood."

sad song. em tom de rendição surge como o final do álbum. deixa para trás os últimos instrumentais depressivos para uma aceitação através de um instrumental mais pacífico, em que lou reed confessa:

"my castle, kids and home

i thought she was mary, queen of scots

i tried so very hard

shows just how wrong you can be

i'm gonna stop wasting time

somebody else would have broken both of her arms"