nada como recordar lisboa às portas dos armazéns chiado numa tarde que sussurrava chuva aos meus ouvidos por entre os murmúrios das pessoas a corromperem-se do espírito natalício, ou da falta dele. confesso que re-desenhar trajectos memoráveis foi mais doloroso do que qualquer pé torcido ou caminho por entre o nevão, olhar por detrás e ver o monumental passado estender-se sobre o rio enquanto a luz inundava tudo o que rodeava. por momentos, perguntei quem era esta estranha. fortifica.te, lágrimas sempre foram peões de uma tragédia evitável e apesar de quebrar por vezes a fidelidade pessoal, praticar movimentos robotizados por sentimentos de aço nunca foi uma atitude que fui capaz de seguir apesar de aspirar a tê.la. cada esquina era uma faca de dois gomos: sorrisos de felicidade de um passado vasto e dilatado, lágrimas frescas de mão de ferro sobre o arrependimento. cortante e sangrento, todo um processo que tentava manter limpo e interior. re-tratamento, não. purgatório, finalmente. o movimento continuava o mesmo, todo aquele ambiente provocou.me um sorriso, apesar de pequeno. depois reconheci que olhar para o meu lado direito, foi o pior movimento que já terei cometido nos últimos tempos. um ano depois, lá estava ele, aquele mesmo palhaço que provocou um dos melhores momentos da minha vida, o mais romântico. foi o meu casamento conto de fadas através de um balão com o príncipe que desde pequenina soava. ninguém conhecido nos testemunhava, só os nossos sorrisos e olhares apaixonados de quem aquele momento era o melhor que poderia acontecer, em que o após seria apenas seguido de 'haverá algo mais romântico que isto?'. se pensarmos, ainda havia um desafio, havia uma rua, um taxi parado, um grupo de turistas a bater palmas e um fotógrafo a guardar aquele momento. quando pensamos em comédias românticas e dizemos que são tão irrealistas, são estes momentos que nos fazem re.pensar tais palavras. sorri, num misto de lágrimas e felicidade. não fui uma criança contente por ver um palhaço a oferecer balões. fui uma criança que furou um balão à procura de mais.
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